A psicanálise tem
como escopo a compreensão e conhecimento da gênese dos problemas que afetam
nosso psiquismo, a partir da análise. E neste intento, a associação livre é
meio de partida para alcançar conflitos internos que impactam na vida da
pessoa. Veja a seguir sobre a interpretação dos sonhos na psicanálise.
A Psicanálise de
Freud na interpretação dos sonhos
Como sabemos a
psicanálise proporciona a cura pela fala, onde o paciente traz o conteúdo que o
incomoda, e em contrapartida, o analista recebe aquele conteúdo e apoia o
paciente a elaborá-lo, logo a escuta torna-se central na condução do analista.
Essa importância é
destacada por Gay (1989) que expressa que o “ouvir, para Freud, tornou-se
mais do que uma arte, tornou-se um método, uma via privilegiada para o
conhecimento, à qual os pacientes lhe davam acesso”.
Para Freud sempre o
inconsciente esteve no fulcro dos seus estudos, denominando assim, a
Psicanálise como a “Ciência do Inconsciente”. E os sonhos tiveram grande
participação na construção do pensamento de Freud.
A
interpretação dos sonhos
Freud começa a
buscar resposta em seus próprios sonhos, antes mesmo de utilizar este método
com os seus pacientes, rompendo assim com paradigmas da sua época.
Ainda no início do
livro A Interpretação dos Sonhos (p. 13, 2014), Freud faz a seguinte
afirmativa: “Nas próximas páginas demonstrarei que existe uma técnica
psicológica, cheia de significado, que torna possível interpretar sonhos, e que
na aplicação desta técnica cada sonho se revelará como uma estrutura
psicológica, cheia de significado, que pode ser designada a um lugar específico
nas atividades psíquicas do estado de despertar”.
A interpretação dos
sonhos e o aparelho psíquico
Até Freud mudar a
maneira como os sonhos eram vistos, os sonhos eram na antiguidade como
inspiração de origem divina e predições de um evento futuro, porém, em 1900,
Freud publica o livro “A interpretação dos sonhos”, embora com
extrema expectativa de sucesso, só foram vendidas 228 unidades nos primeiros 2
anos, tendo logrado êxito após o décimo ano da publicação.
É a partir de “A
Interpretação dos sonhos”, que se inicia a primeira tópica freudiana, onde o
autor busca mostrar que há um aparelho psíquico que exerce influência no ser
humano, ainda que este seja totalmente estruturado de maneira simbólica
Interpretação dos sonhos na
psicanálise
Freud afirma que “os sonhos são
realizações de desejos”, e que “todos os sonhos têm o sonhador como
centro. Os sonhos são absolutamente egoístas”, e ainda que complementa em outro
momento “que os sonhos são a estrada real do inconsciente”.
Para a compreensão dos processos
anímicos na formação dos sonhos, levaremos em consideração as inferências
propostas por Freud no livro “A interpretação dos sonhos” (2001), dentro das
investigações levantadas pelo autor, ele aborda sobre:
Esquecimento dos sonhos:
O autor destaca dois elementos
importantes a serem observado, sendo o primeiro a lembrança fragmentada onde
somos incapazes de recordarmos fidedignamente do que se foi sonhado, e em
segundo momento a lembrança é falseada. Vale destacar, que o sonho se
demonstra em dois tipo de conteúdo que são eles: o conteúdo manifesto (aquele
que lembramos ao acordar), e o conteúdo latente (que é acessado a partir da
interpretação analítica).
Nota-se que não há nada de arbitrário
nos processos oníricos, e aquilo que de alguma maneira é atacado pela dúvida,
surge a indicação que o mesmo enfrenta uma resistência. O autor ainda
complementa: “A psicanálise é sempre desconfiada. Uma de suas regras é que
tudo que interrompe o progresso do trabalho analítico é uma resistência”
(p.475).
Regressão:
O autor reforça a ideia que “a força
propulsora do sonho é fornecida pelo ICS”, logo percebemos no processo onírico
que esses pensamentos driblam a censura quando a pessoa está dormindo,
diferente de quando a pessoa está em vigília. Os sonhos se tornam
regressivos pois eles se voltam para a extremidade sensorial.
Realização de
desejos:
O autor indica três
origens do desejo dos sonhos: o primeiro ser um desejo reconhecido; o
segundo ser um desejo reconhecido e que foi recalcado; o terceiro um desejo que
não tem qualquer ligação com a vida diurna e irrompe no sonho. Ainda há um
quarto elemento que estão ligados a estímulos como fome, sede, etc…
Despertar dos
sonhos:
O pré-consciente é
caracterizada como um órgão dos sentidos e a mesma pode receber excitações
de duas fontes oriundas do sistema perceptivo e das excitações de prazer e
desprazer.
Processos primários
e secundários:
Há lógica na
ilógica dos sonhos, como o autor já fez menção, não há nada de aleatório em um
sonho, o autor faz menção aos processos da seguinte maneira: “o processo
primário esforça-se por promover uma descarga da excitação, a fim de que,
com a ajuda da quantidade de excitação, assim acumulada, possa estabelecer uma
identidade perceptiva.
O processo
secundário, contudo, abandonou essa intenção e adotou outra em seu lugar.
O inconsciente e o
consciente – Realidade:
aqui ele trata que
o inconsciente é a realidade psíquica. Vale pontuar, que começa aqui a
estruturação da primeiro tópica Freudiana.
Fonte: https://www.psicanaliseclinica.com/interpretacao-sonhos-psicanalise/