Dentre as várias interpretações
plausíveis da obra freudiana, uma delas entende que a linguagem adotada pelo
vienense para suas proposições sobre os mecanismos inconscientes foi, via de
regra, buscada no linguajar corriqueiro de sua época. Não teria havido grande
preocupação em amarrar definições restritas ou delimitações conceptuais
severas, inventar neologismos, criar conceitos em lógica rigorosa e impecável.
Tal entendimento encontra lastro: "a essa questão de delimitação de
conceitos não lhe temos dedicado ainda em psicanálise atenção suficiente",
escreve Freud num texto já bem tardio em sua imensa obra (FREUD, 1932/1973,
vol. III, p.3137).
Se isso puder soar como
'fragilidade' a adeptos implacáveis de implacável cientificidade, se os textos
freudianos lhes parecem mais literatura de imaginação fecunda do que
demonstração em lógica estrita, convoquemos em favor do psicanalista uma frase
feliz de seu carismático seguidor, Lacan. Ao encontrar no seu mestre
suficientes pistas para amarrar vez por todas o inconsciente à linguagem,
propôs vê-lo estruturado como linguagem, materna, cotidiana, do homem comum;
propôs levar a própria psicanálise à tarefa de engajar-se nos estudos sobre a
linguagem, ele próprio na dianteira, convocando a linguística de seu tempo:
"E se reconheço que o
inconsciente não pode de forma alguma ser abordado sem referência à
linguística, considero que juntei meu esforço à abertura freudiana.
Mas já é muito que o próprio
Freud tenha aberto esse caminho, dado-lhe o eixo e a prática, mostrado que era
doravante a única medicina real possível
" (LACAN, 1976, p.19,
grifos nossos)
De fato, já é muito que Freud
tenha rastreado com o fino radar da sua sensibilidade a farta fenomenologia do
que ocorre no inconsciente. E, se ele próprio reconhece e parece ressentir-se
da atenção insuficiente sobre a delimitação dos conceitos, também isto se deve
ver como outra pista deixada aos seus seguidores. É o que pensamos dever ser
uma saga incessante no campo da psicanálise: a contínua tarefa de
conceptualização e de sua atualização.
Nessa tarefa, perante as
tentativas já levadas a termo até hoje, ainda não é de nosso conhecimento a que
vamos proceder aqui: delimitar certos movimentos semânticos de alguns conceitos
freudianos acionando dispositivos de análise oriundos da teoria semiótica de
matriz europeia, derivada da linguística de Saussure e promovida por A. J.
Greimas e seus seguidores.
Dentre tantas expressões
destinadas a virarem conceitos, selecionamos para a discussão a Verdrängung, a
Verwerfung e a Verleugnung, por sua importância no campo psicanalítico - é bem
conhecida a ligação forte entre tais termos e as estruturas psíquicas basais:
neurose, psicose e perversão -, e também pela confusa compreensão dos mesmos a
que levam as traduções disponíveis em português. Para ilustrar um pouco a
confusão, utiliza-se nas edições brasileiras como tradução tanto de Verleugnung
quanto de Verwerfung o mesmo vocábulo: "rejeição". A partir disto,
nos deparamos com algumas questões: o que Freud queria fazer-nos entender dos
mecanismos inconscientes subjacentes a essas expressões distintas? Quais os
significados deles para a língua alemã corrente dos seus dias, visto que foi
nesse registro de linguagem cotidiana que foi buscá-los?
Assim sendo, temos como tarefa
aqui um estudo mais detido destas exclusões (Verdrängung, a Verwerfung e
Verleugnung), abordando seus conteúdos nocionais dicionarizados em língua
natural com a colaboração da confrontação e da comparação de estruturas modais
da semiótica, pois acreditamos que estes conceitos partilham semelhanças e
diferenças, que nos compete averiguar, enquanto estruturas de linguagem ou de
discurso. Esperamos que esta releitura e discussão crítica levem a uma
revitalização e re-atualização dos conceitos psicanalíticos, tarefa sempre
necessária em toda disciplina, o que, segundo acreditamos, beneficiaria as
definições destes na psicanálise com possíveis e eventuais reflexos na escuta
do psicanalista.
1. A VERDRÄNGUNG
Quando buscamos no dicionário
Grosswörterbuch Deutsch als Fremdsprache o significado do verbo do qual
Verdrängung é derivado (verdrängen), encontramos:
"1. alguém recalca
alguém/algo (de/de algo), alguém ocupa o lugar de alguém <alguém da sua
posição, do seu lugar>, 2. algo recalca algo (de/de algo), algo ocupa
gradualmente o lugar ou função de algo: os grandes veleiros foram recalcados
por navios a vapor, 3. deixar algo desagradável psíquico desaparecer de sua
consciência: ela recalcou (a lembrança) a vivência terrível." (2003,
p.1041).
Nesta última definição há uma
limitação: em razão de o dicionário ser atual, é possível que se encontre já
impregnado por acepções psicanalíticas. É bastante provável que tenha origem em
Freud, e antes dele não fosse encontrada no idioma alemão coloquial. De
qualquer forma, detenhamo-nos na última definição encontrada no dicionário:
"deixar algo desagradável psíquico desaparecer de sua consciência".
Nesta definição, sublinhamos
dois verbos: "deixar" e "desaparecer". O primeiro incide na
posição do sujeito, e o segundo, na do objeto. "Deixar" quer dizer:
"Permitir ou possibilitar que alguém faça algo" (p.634).
"Permitir" significa "Concordar que alguém deva fazer algo"
(p.311); "possibilitar" é "tornar possível", e
"possível" é "Poder existir" (p.702). Por sua vez,
"desaparecer" significa: "1. Ir embora, e não estar mais para se
ver (...) 3. Algo parar de existir" (p.1.123). Salientemos que antes de o
objeto da frase "desaparecer", ele é visto como
"desagradável": "1. Difícil ou desfavorável para alguém (...),
4. Algo doloroso para alguém" (p.1.065).
Na definição de Verdrängung,
então, encontramos na posição do sujeito os verbos modais: FAZER com que
POSSA/DEVA EXISTIR/FAZER a desaparição do objeto, ou seja, o NÃO-SER objetal
para se ver/encontrar. O sujeito, portanto, permite, possibilita, que algo
desagradável, doloroso, não-esteja encontrável à consciência. Há uma ATIVIDADE
do sujeito, que determina o que pode/deve acontecer a este conteúdo, ou qual
PODE/DEVE ser seu estado.
Com a posse da definição alemã
do termo, podemos pensar em sua tradução psicanalítica para a língua
portuguesa: recalque ou repressão. Hoje em dia, a tradução mais utilizada no
meio psicanalítico é recalque, provavelmente pela influência francesa que a
psicanálise brasileira sofre (na tradução de Laplanche das Obras de Freud, o
termo utilizado é refoulement, melhor traduzido por recalcamento). No entanto,
na atual tradução brasileira das Obras Completas, como também nas traduções
inglesa e espanhola, o termo ainda utilizado é repressão.
O termo repressão remete-nos ao
ato de reprimir(-se), que significa:
"1. Sustar a ação ou
movimento de; conter, reter, moderar, coibir, refrear, represar (...) 2. Não
manifestar, ocultar, disfarçar, dissimular (...) 3. Violentar, oprimir, vexar,
tiranizar (...) 4. Impedir pela ameaça ou pelo castigo, proibir (...) 5.
Castigar, punir (...) 6. Conter-se, moderar-se, dominar-se, refrear-se"
(FERREIRA, 1986, p.1490)
Percebemos aí várias
semelhanças com o conteúdo original do termo. No entanto, seu significado não é
de todo igual. O que há de semelhante é o sentido de contenção, de impedimento,
de algo cuja manifestação não se quer. Já no termo recalque, no qual há o ato
de recalcar, temos como significação: "1. Calcar outra vez; repisar (...)
2. Insistir em (...) 3. Impedir a expansão de; conter, reprimir, refrear"
(idem, p.459). Para definirmos este termo, portanto, temos que saber
previamente o que é "calcar":
"1. Pisar com os pés (...)
2. Machucar com força, comprimir (...) 3. Fig. : Oprimir, humilhar, vexar (...)
4. Reprimir, conter (...) 5 Não dar importância a, desprezar (...) 6. Decalcar
(...) 7. Machucar com força; comprimir (...)" (FERREIRA, 1986, p.318)
Nesta tradução, apesar de nela
estar inclusa a palavra "reprimir", encontramos um limite que nos
obriga a pensar: a palavra alemã não tem, em nenhum ponto, uma semântica que
leve a pensar que algo aconteceu anteriormente para depois se "fazer de
novo".
Desta forma, não se tem
qualquer barreira ao utilizar "repressão" - podemos utilizar o termo
em qualquer trecho escrito por Freud. No entanto, não é o que ocorre com o
outro. Se utilizarmos "recalque", não poderíamos dizer "recalque
original", pois o significado da palavra impõe necessariamente que antes
do recalcamento haja um calcamento, ou calcadura (com isso, o
"original" seria o calcamento).
Apesar deste obstáculo à
tradução do termo por "recalque", ganhamos uma definição mais rica e
mais apropriada ao que Freud quer nos fazer entender por
"Verdrängung", uma vez que este mecanismo ocorre em duas etapas: o
"recalque" (com as ressalvas acima) original e o recalque
propriamente dito. Além disto, sabemos que a palavra remete à "repressão",
o que nos beneficiaria, já que em apenas uma palavra teríamos a ideia da
repressão e das fases. Por causa dos ganhos com a tradução por recalque, aqui
utilizamos esta tradução como a mais apropriada.
1.2. Verdrängung em Freud e a
sua modalização semiótica
Para acionarmos uma análise de
perfil semiótico sobre o que mais abaixo ficará explicitado como uma
"modalização semiótica" do recalque, retomemos previamente um evento
fundamental para o recalque: a constatação da diferença anatômica entre os
sexos. Somente após tal constatação é que há a inclusão do sujeito em uma lei,
o que possibilita o recalque.
1.2.1. A diferença anatômica
entre os sexos e seus efeitos
Conhecimento clássico em
psicanálise freudiana, a constatação da diferença anatômica entre os sexos se
dá a partir do complexo de castração. Inicialmente, a criança pensa que não há
distinção, e apenas a partir das ameaças reais ou fantasísticas que sofre passa
a se interessar pelo assunto. Aí se dá a manipulação, ou seja, uma ação
intersubjetiva em que um sujeito, por intimidação, transmite um determinado
saber, tendo em vista que tem o "poder" para tal.
Primeiramente, acredita que um
dia o pênis das meninas vai crescer, mas, depois, ao constatar que sua mãe
também não o tem, a ameaça de castração passa a fazer sentido. Assim, aqui se
dá uma passagem da interpretação do sujeito de que a castração é mentira (que
parece, mas não é) para a de que é verdadeira (parece e é). Então, finalmente,
acredita-se (crer ser) nela, e se aceita o saber. Em um quadrado semiótico (GREIMAS,
1970, 1979), poderíamos montar o processo da crença na diferença anatômica
entre os sexos da seguinte maneira [atentar para a direção das setas]:
No entanto, o efeito da crença
parece atrelado à volição do sujeito por esse saber. Inicialmente, recusa-o,
por acreditar ser falso, e apenas com a constatação da diferença é que passa à
aceitação deste saber. Isso pode ser ilustrado acionando o quadrado semiótico
das modalidades volitivas:
O reconhecimento da diferença
traz uma série de efeitos. Dentre eles, o principal é que o menino reconhece o
pai enquanto lei e entende a interdição do incesto, respeitando-a. Isto evita
que a ameaça se torne real e que, com isto, seu pênis lhe seja retirado. Desta
forma, há "a crise terminal do Édipo, vindo interditar à criança o objeto
materno" (LAPLANCHE & PONTALIS, 1998, p.74), ou seja, acontece o
recalque do Complexo de Édipo. Já com as meninas ocorre o contrário: elas
passam a invejar o pênis. Assim, odeiam a mãe por não ter-lhes dado o pênis, e
se aproximam do pai, na esperança de que este lhes dê o órgão masculino. Essa
aproximação culmina na entrada no Complexo de Édipo. Posteriormente,
substitui-se o desejo de ganhar o pênis pelo desejo de ter um filho do pai.
Desta maneira, o que se recalca
é o Complexo de Édipo. Recalca-se porque se entende que há uma lei de
interdição de incesto, que passa a operar graças ao reconhecimento da diferença
anatômica entre os sexos. Então, quando pensamos na diferença anatômica entre
os sexos, há uma aceitação deste saber, devido ao medo de uma efetivação de
ameaças. O que é recalcado é a representação interna, ou seja, o desejo do
filho pela mãe e o da filha pelo pai.
1.2.2. O recalque de um
conteúdo psíquico
Neste momento, tomamos como
base para nossa análise casos em que Freud e/ou Breuer explicitavam o mecanismo
do recalque.
A primeira asserção que podemos
trabalhar é com a hipótese de que o recalque é mantido e ocasionado por um ato
intencional, logo, de volição, o que nos permite afirmar que o /QUERER/
modaliza o discurso. No decorrer da obra de Freud, nos deparamos com vários
exemplos de pacientes que falavam sobre esse "querer", tal como no
caso de Anna O., em que Breuer, esclarecendo a razão de sua paciente ter
emudecido, salienta que: "ela foi muito ofendida e decidiu não falar nada
sobre isso." (BREUER & FREUD, 1895/1973, p.23, grifo nosso). Aqui, a
paciente perde a capacidade de falar após suprimir uma declaração.
No recalque, o
"saber" também entra em jogo, já que há um desconhecimento
(/não-saber/) de determinado conteúdo. Freud, ao relatar o caso de sua paciente
Frau Emmy von N., declara uma situação em que a questiona sobre a origem de sua
gagueira e se depara com a ausência de respostas. O analista interroga: "A
senhora não sabe isso? - Não. - Sim, por que não? - Por quê? Porque eu devo não
[saber]" (BREUER & FREUD, 1895/1973, p.51, grifo nosso). Atentemos não
apenas para o discurso modalizado pelo /NÃO-SABER/, mas também para o
surgimento de um /DEVER/ da paciente diante do conhecimento.
No entanto, o caso que
consideramos explicitar melhor como o mecanismo do recalque é modalizado pelo
/QUERER-SABER/ é o da governanta inglesa Miss Lucy. No decorrer da análise, é
suposto que a paciente ama o patrão. Contudo, ela se omite quanto a esta ideia
de Freud. Quando esta suposição é confirmada por relatos da própria governanta,
o analista questiona a razão de não ter dito antes, e ela relata: "eu não
sabia disso, ou melhor, eu não queria saber, queria tirar da minha cabeça,
nunca mais pensar nisso" (BREUER & FREUD, 1895/1973, p.94, grifos
nossos). Há, portanto, uma ideia incompatível, que é recalcada pelo Eu. Assim,
há o recalque, e as pacientes querem não mais saber sobre o evento recalcado, o
que é demonstrado a partir de seus discursos na situação de análise. Logo,
inicialmente o discurso das pacientes parece ser modalizado por um /QUERER -
NÃO-SABER/ (não importa aqui que no discurso manifestado, a coisa se expresse sintaticamente
na forma "não querer saber". A expressão "tirar da cabeça"
figura bem isso: um /QUERER/ - NÃO (mais)-SABER/).
O querer dinamiza a cadeia, a
um passo em que o saber é dirigido. O sujeito tem que escolher o que faz com um
saber, se aceita ou não que este permaneça em sua consciência. Em todos os
casos apresentados por Freud, se passa de um conhecimento, mesmo que
momentâneo, de determinado conteúdo intolerável para, em seguida, devido ao
recalque desse saber, passar progressivamente (já que inicialmente há uma
dúvida) a um desconhecimento. Assim, Dora recalca o amor pelo pai, Miss Lucy,
uma paixão pelo patrão, e Fräulein Elisabeth, a vontade de casar com o marido
de sua falecida irmã, dentre outros. No entanto, o saber está lá, mesmo que
apenas inconscientemente. Desta forma, após o recalque, há um sujeito
modalizado pelo /CRER - NÃO-SABER/, que assim é articulado:
Assim, quando o paciente é
questionado sobre o conteúdo recalcado, ele quer não saber deste, quer manter o
seu esquecimento, possuindo uma postura ativa nesse processo. Há um desejo de
/QUERER - NÃO-SABER/, e não propriamente um /NÃO-QUERER - SABER/. Esta vontade
faz com que o conteúdo intolerável se mantenha ausente da consciência, o que
traz o efeito de uma crença, ilusória, da não existência de tal conteúdo (/CRER
- NÃO-SER/). Após o recalque acontecer, o paciente crê não mais saber o que
ocorreu, ou seja, é modalizado por um /CRER - NÃO-SABER/. Assim, ele sabia e
não mais sabe. Há a passagem de um saber anterior para um esquecimento (ativo).
E, no entanto, sabe-se, por mais que apenas inconscientemente. Ao irromper este
conteúdo inconsciente em sua consciência, temendo a deparação com o
intolerável, o paciente nega-o, dizendo "não", "não sei nada
disso", enfim, quer aquilo longe de sua consciência.
Em análise, o paciente se
depara com o caminho inverso ao do mecanismo do recalque. O que é proposto é
que ele saia do desconhecimento do conteúdo intolerável para elaborar seu
conhecimento. Isto é possível apenas porque a postura do paciente diante deste
saber toma um estatuto diferenciado: ele deixa de relutar (/QUERER -
NÃO-SABER/) para conceder (/NÃO-QUERER - NÃO-SABER/) que este saber venha à
consciência. Com esta concessão, o sujeito deixa de ser modulado por /CRER -
NÃO-SABER/ e passa a /CRER - SABER/.
Diante disto, o que a
psicanálise se propõe a fazer é mostrar, a partir do discurso do próprio
paciente, que esta crença é ilusória, pois o saber permanece, por mais que
inconsciente, e dá provas de sua existência reiteradamente, através de sonhos,
sintomas, atos falhos, etc.
2. A VERWERFUNG
Diante da Verwerfung deparamos
com um mecanismo de exclusão que Freud citou com maior ênfase em "O Homem
dos Lobos" (FREUD, 1918[1914]/1982). A tradução hoje utilizada nas Edições
Standard Brasileira das Obras Completas é a de "rejeição", a mesma
utilizada para Verleugnung. Em inglês, encontramos repudiation ou foreclosure,
e em espanhol, repudio.
Lacan propôs a tradução do
termo por forclusion, ao procurar algum termo que equivalesse mais ajustadamente
ao que Freud concebia por Verwerfung. No Brasil, fazemos um aportuguesamento
deste por "forclusão", ou "foraclusão". No entanto,
forclusion equivale a "prescrição" em português. Prescrição é uma
palavra que juridicamente significa:
"5. Jur. Perda da ação
atribuída a um direito, que fica assim juridicamente desprotegido, em
consequência do não uso dela durante determinado tempo (...) 6. Jur. A maneira
pela qual se extingue a punibilidade do autor de um crime ou contravenção, por
não haver o Estado exercido contra ele no tempo legal o seu direito de ação, ou
por não ter efetivado a condenação que lhe impôs." (FERREIRA, 1986,
p.1387)
Diante do significado do termo,
fica-nos o questionamento de qual a relação desta palavra com a utilizada por
Freud. Etimologicamente, o verbo do qual de onde Verwerfung se origina
significa "Não aceitar algo, porque se acha ruim. < um pensamento, um
plano, uma proposta>" (LANGENSCHEIDT, 2003, p.1133). Devido a esta
grande diferença, entendemos que a tradução lacaniana é sugerida pelo que o
psicanalista francês teoriza em sua releitura freudiana, e não por uma
preocupação em dar uma tradução literal ao termo.
Como o nosso objetivo é
discutir sobre a melhor tradução, apesar de entender que não há uma perfeita,
que contemple perfeitamente o que Freud teoriza, desejamos não interferir tanto
nas palavras utilizadas por ele. Assim, buscamos um entendimento dos termos
utilizados por outros idiomas, tais como: rejeição e repúdio.
"Rejeição" é:
"Ato ou efeito de rejeitar" (FERREIRA, 1986, p.1478), e rejeitar
significa:
"1. Lançar fora, largar,
depor (...) 2. Lançar de si; tirar de si; repelir (...) 3. Lançar de si;
expelir; vomitar, regurgitar (...) 4. Não admitir, recusar (...) 5. Não
aprovar; reprovar, desaprovar (...) 6. Ter em pouca ou nenhuma conta;
desprezar, desdenhar (...) 7. Defender-se de, repelir (...) 8. Opor-se ou
negar-se a (...) 9. Atirar, arremessar, lançar, arrojar (...) 10. Repelir,
afastar, apartar (...)" (idem)
"Repúdio" é o
"Ato ou efeito de repudiar" (p.1491), e repudiar: "1. Rejeitar
(a esposa) legalmente; divorciar-se de (a mulher) 2. Rejeitar, repelir, recusar
(...) 3. Abandonar, desamparar." (idem). Das duas, a tradução que nos
parece mais adequada é "rejeição", pois engloba a não-aceitação, ou
seja, a oposição pelo sujeito de algo ruim, o que está presente na palavra
alemã.
2.1. Verwerfung em Freud e sua
modalização semiótica
Primeiramente, para entendermos
como se dá a rejeição, temos que nos remeter ao caso "O Homem dos
Lobos", relatado em Aus der Geschichte einer infantiler Neurose [>Der
Wolfsmann<] (História de uma Neurose Infantil) (FREUD, 1918[1914]/1982).
Neste caso, observamos exemplos que salientam a ameaça de castração que a criança
sofre, como quando brinca com o pênis na frente da babá e ela o recrimina,
afirmando que se fizesse aquilo, ficaria uma ferida no lugar. No entanto, o
menino não quer saber nada sobre esta ameaça, e recalca as hipóteses remetidas
a ela. A criança passa a procurar provas de que ela é mentirosa, mas logo
percebe que as meninas possuem um órgão diferente do dos meninos. Assim, é como
se ele saísse das seguintes hipóteses:
Contudo, quando chega à ideia
de que as meninas possuem uma ferida, repele-a, não querendo saber mais nada
neste sentido, buscando inclusive novas explicações para, por exemplo, a
diferença sexual (as meninas possuem um "traseiro frontal"), e para o
ato sexual (que se dá pelo ânus), explicações estas que substituem a realidade
da castração. Tudo isto porque, se aceitar a castração, seu pênis lhe é tirado.
Para manter essa hipótese da
indiferença sexual, o homem dos lobos recalca a ideia de que as meninas possuem
uma "ferida", pois isto o ameaça, isto é, confirma a ameaça feita
pela babá. Então, com o recalque, é como se o homem dos lobos voltasse ao ponto
de partida, e permanecesse com a ideia de que não há diferença sexual.
Então, passa a acreditar não
saber nada no sentido do recalque, pois não há castração e as provas disso são
as conclusões a que chega sobre a diferença sexual e sobre o ato sexual: o ato
se realiza a tergo e as meninas possuem um traseiro frontal, não uma
"ferida". Assim, quando lembra de seu medo de vespa (WESPE), e em vez
de usar esta palavra fala Espe, ele parece ser modalizado pelo /CRER-SABER/ da
diferença anatômica, ou seja, que as meninas não possuem o pênis, e, sim, uma
ferida (a vespa não teria o W e suas asas lhe teriam sido arrancadas).
Aproximar-se da vespa representa entrar em contato com o conteúdo recalcado que
tanto o apavora. A mesma coisa acontece quando adoece por contrair gonorreia,
reavivando a ideia de que as meninas possuem uma ferida no lugar do pênis, e
que ele pode vir a ter esta ferida. Outro exemplo, oferecido por Freud, que
pode ilustrar esta modalização é quando discute sobre uma alucinação que o
paciente tem, em que imagina que seu dedo havia sido arrancado. Ao se acalmar,
o homem dos lobos vê que seu dedo ainda está lá, ileso. Então, passa a
acreditar que os pênis das mulheres são arrancados ao nascer, mas ao mesmo
tempo afasta essa ideia pelo recalque.
Portanto, ao pensarmos na
rejeição como Freud nos conceitua, "não querer saber nada no sentido do
recalque", pensamos, novamente, no sujeito modalizado por um /QUERER -
NÃO- SABER/, e seu efeito é a descrença na diferença anatômica entre os sexos.
O que acontece nesta confrontação é que o sujeito rejeita determinado saber
(/QUER-NÃO-SABER/), pois se o aceitar o seu pênis é cortado. No caso da
rejeição, não se quer acreditar que há a castração.
Apesar de a modalização da
rejeição ser aparentemente igual a do recalque, salientemos que, na primeira, o
sujeito é modalizado por um /QUERER - NÃO-SABER/ da diferença anatômica entre
os sexos, ou seja, de uma realidade visual. Na segunda, não se trata disto, o
sujeito deseja que um conteúdo interno permaneça inconsciente.
3. A Verleugnung
Etimologicamente, Verleugnung
significa "Afirmar que não se tem ou não se conhece algo/alguém <um
amigo, seu modo de pensar, seu Deus, seus ideais>" (LANGENSCHEIDT,
2003, p.1114). Como já dito anteriormente, a tradução brasileira nas Obras
completas do pai da psicanálise para esse termo é a de rejeição. Em outros
lugares, podemos encontrar também "recusa" ou "denegação".
A tradução francesa utiliza déni; em inglês encontramos disavowal ou denial, e
em espanhol renegación.
Neste trabalho, já concluímos
que a tradução "rejeição" é bastante apropriada para
"Verwerfung", e para evitar com que haja mais confusões, no sentido
de má compreensão do texto, nos deteremos apenas nas outras opções encontradas:
recusa, denegação, desmentido e renegação. "Recusa" é o ato de
recusar, e recusar:
"1. Não aceitar (coisa
oferecida); rejeitar (...) 2. Não se prestar, opor-se, negar-se a 3. Não
aceitar, não admitir (...) 4. Não permitir; não conceder; negar (...) 5. Não se
prestar, negar-se, opor-se (...) 6. Declarar-se incompetente (...) 7. Não
obedecer; desobedecer (...)." (FERREIRA, 1986, p.1466)
Aqui, percebemos a semelhança
entre "recusa" e "rejeição". Já "denegação",
assim como "renegação", é o ato de denegar, ou de desmentir.
"Denegar" é:
"1. Dizer que não é
verdade; negar (...) 2. Não dar, recusar, negar (...) 3. Desatender, indeferir
(...) 4. Abjurar, renegar (...) 5. Não aceitar, recusar (...) 6. Desmentir,
contradizer (...) 7. Não conceder, recusar, negar (...) 8. Impedir, obstar
(...) 9. Recusar-se, negar-se" (FERREIRA, 1986, p.535)
"Desmentido" foi
compreendido como "que foi contraditado" ou "declaração ou
palavras com que se desmente" (idem, p.569). E desmentir: "1.
Declarar que (alguém não diz a verdade); contradizer; contestar (...) 2. Negar
(o que outrem afirmara) (...) 3. Não corresponder a; destoar de; discrepar de;
desdizer. (...) 7. Contradizer-se." (idem).
Na Verleugnung, encontramos o
seguinte mecanismo: sabe-se das diferenças anatômicas dos sexos, mas não se
quer acreditar nisto, e o menino, para substituir esta falta da menina, cria um
fetiche, para este funcionar como um pênis, um substituto por deslocamento. Há
uma oscilação entre /SABER/ e /NÃO-SABER/. O fetiche vem exatamente para
contradizer o saber que lhe foi passado, ou seja, para alegar o contrário. Com
isto, acreditamos que é enriquecedor tratar este conceito como
"denegação" ou "renegação", pois ambos tratam tanto da
recusa, que é o que quer dizer "Verleugnung" ao pé da letra, quanto
do saber que é contradito por meio do fetiche.
3.1. A Verleugnung em Freud e a
sua modalização semiótica
Na denegação, sabe-se da
diferença anatômica dos sexos, crê-se na diferença, ao mesmo tempo que não se
quer saber dela. Por esse não querer saber, criam-se substitutos para o pênis
por meio de fetiches. Ao pensarmos na denegação como um mecanismo em que o
sujeito oscila entre a recusa e o reconhecimento, temos, novamente, um sujeito
modalizado por /QUERER-SABER/, que representamos da seguinte forma:
Mas, ao mesmo tempo que este processo
se verifica, ocorre um retorno - o sujeito se encontra indisposto a aceitar
este saber, já que sua aceitação implica em uma renúncia à satisfação
pulsional. Para tanto, destrói a prova da possibilidade da castração. No
retorno, o quadrado assim é formulado:
Pensamos que, na denegação, o
sujeito fica predominantemente na indisposição /NÃO-QUERER - SABER/, e circula
entre a disposição e a relutância a este saber o tempo todo. Encontrando-se em
uma indisposição, fica na interseção entre um e outro. Como efeito desta
volição temos a crença, ou não, na diferença anatômica entre os sexos, que
seria representada por /CRER - SER/. Propomos então que, inicialmente, há uma
passagem do desconhecimento ao conhecimento da diferença anatômica entre os
sexos:
No entanto, há um retorno, pois
não se aceita a diferença, o que se dá da seguinte forma:
Desta forma, é como se na
denegação o sujeito ficasse sempre nesta oscilação entre o /CRER - SER/ e o
/CRER - NÃO-SER/, ou seja, entre a certeza da diferença anatômica e a
improbabilidade desta. Assim, aqui não há um desligamento completo da
realidade, pois sabe-se da diferença anatômica entre os sexos, e, ao mesmo
tempo, acredita-se no fetiche como uma prova de que o pênis ainda se mantém no
corpo.
4. A VERDRÄNGUNG, A VERWERFUNG
E A VERLEUGNUNG: COMPARAÇÕES E CONFRONTAÇÕES
Diferenciar Verdrängung,
Verwerfung e Verleugnung não é tarefa tão fácil, pois nem sempre na obra de
Freud tais conceitos estão delimitados e demarcados. Pelo contrário, até o
momento em que começa a propô-los como conceitos psicanalíticos, ele os usa
aleatoriamente, como um falante qualquer os utilizaria em língua alemã. Desta
forma, com o decorrer da obra, percebe que há diferenças, sim, entre tais
palavras e que estas diferenças, apesar de sutis, precisam ser salientadas.
Umas foram mais bem descritas, outras menos. Cabe agora aos seguidores de sua
disciplina buscar paulatinamente maior precisão e definição de tais conceitos,
para que assim se possa fazer uma distinção entre eles com vistas a extrair
melhor os mecanismos inconscientes em jogo.
4.1. Comparações e
confrontações
Os três mecanismos possuem
particularidades referentes ao reconhecimento da diferença anatômica entre os
sexos. No recalque, o sujeito aceita a diferença, diversamente dos mecanismos
da rejeição e da denegação. No entanto, há pontos em que tais conceitos se
assemelham, o que pode ser evidenciado nos quadrados semióticos abaixo.
Em primeiro lugar, podemos
evidenciar o quadrado semiótico do recalque, por acreditarmos que ele é a base
para a compreensão dos outros dois mecanismos. Aqui, inicialmente, não se
acredita que as meninas não possuam pênis. Contudo, a criança um dia constata
que sua mãe também não tem, e a ameaça de castração passa a fazer sentido.
Assim, começa-se a crer na probabilidade da diferença. Apenas a posteriori
acredita-se (crer-ser) nela. Estas fases podem ser retomadas no seguinte
esquema:
Na rejeição e na denegação,
este caminho também ocorre. No entanto, após a constatação da diferença
anatômica, a realidade é tão dolorosa para o sujeito que ele recusa este saber.
Na rejeição, quando se chega à ideia de que as meninas possuem uma ferida, o
sujeito não quer saber mais nada neste sentido. No caso "O Homem dos
Lobos", observamos que o paciente acredita em uma relação sexual pelo
ânus, e que as meninas possuem nádegas frontais. Tudo isto porque, se aceitar a
castração, seu pênis lhe é tirado. Então, a operação ocorrida é um recalque da
ideia de que as meninas "possuam uma ferida", o que ocasiona a
permanência da ideia de indiferença sexual.
Já na denegação, é como se o
sujeito ficasse sempre na passagem entre o /CRER - SER/ e o /CRER - NÃO-SER/,
ou seja, entre a certeza da diferença anatômica e a negação desta. Com isto,
aqui não há um desligamento completo da realidade, diferentemente da rejeição,
pois sabe-se da diferença anatômica entre os sexos, e, ao mesmo tempo,
acredita-se no fetiche como uma prova de que o pênis ainda se mantém no corpo
feminino.
Estas diferentes crenças nos
três mecanismos se dão principalmente por causa do "querer" do
sujeito em questão. No recalque, apesar do sujeito inicialmente querer não
saber da diferença, com o tempo ele se dispõe a /QUERER-SABER/, como no
seguinte quadrado:
Já na rejeição, após esta
"breve disposição", o sujeito recua, e novamente reluta em saber da
diferença, agindo como se este conteúdo jamais tivesse alcançado sua
consciência. Assim, rejeita este saber, sendo modalizado por um
/QUERER - NÃO-SABER/.
Na denegação, diferentemente da
rejeição, o sujeito fica entre os dois polos, e se situa principalmente na
modalização de /NÃO-QUERER - SABER/:
Assim, na denegação é como se
houvesse determinada frase: "Sim, é verdade, elas não possuem pênis, mas
possuem os pés, que podem ser correlatos ao pênis." Portanto, acredita-se
na realidade externa, apesar de não se querer saber. Preferir-se-ia que ela não
existisse, mas se sabe que ela existe. Há uma contradição nesse pensamento, que
é demarcado por uma negação e certa afirmação da realidade perceptiva. Assim, o
rechaço se complementa com uma aceitação.
Em conclusão, contrastando os
três mecanismos, eles ficam prioritariamente em polos semântico-lógicos
diferentes do quadrado semiótico, o que significaria dizer que são assim
representados, de acordo com a modalidade do /QUERER-SABER/:
Os efeitos destes
"quereres" se resumiriam pelas seguintes crenças da diferença
anatômica entre os sexos:
Salientemos, contudo, que estes
quadrados não se dão de forma fixa ou estanque, tal como parecem ao serem
apresentados nestes dois pequenos resumos das modalizações do /QUERER - SABER/
e do /CRER - SER/. Ao contrário, como verificado anteriormente, os sujeitos
chegam até aí por uma construção subjetiva, ou seja, eles se movem entre os
diferentes polos semânticos do quadrado, até se definir, na maior parte do
tempo, em uma modalização específica.
Assim, no recalque, não há um
desligamento do sujeito da realidade, enquanto na rejeição e na denegação, há.
Na rejeição, há um rechaço absoluto, e na denegação há um rechaço da percepção
do real, ao mesmo tempo que há certo grau de aceitação, ocasionando um registro
da castração. Outra diferença que podemos apontar é que pelo recalque ser o
único mecanismo em que não há um desligamento da realidade, apenas nele podemos
discutir sobre recusas de pensamentos intoleráveis.
5. BALANÇO
Este trabalho teve como
objetivo dar continuidade a estudos que estão sendo realizados por alguns
pesquisadores e teóricos nos campos de interface entre as ciências da Linguagem
e da Psicanálise. Aqui, nosso esforço foi de dar exemplos concretos de como a
Semiótica pode apresentar algumas ferramentas lógico-semânticas e modais para
eventualmente contribuir com a difícil questão que é operar com os conceitos
freudianos aqui lançados sob análise. Para isto, tomamos os conceitos de
Verdrängung (recalque), Verwerfung (rejeição) e Verleugnung (denegação) e, a
partir das suas respectivas modalizações semióticas, propusemos uma forma outra
de entendê-los. Inicialmente, propusemos uma análise de cada um separadamente,
e, depois, ao perceber que eles partilhavam semelhanças modais, fomos
conduzidos a confrontá-los tendo aparecido novas perspectivas ou ângulos de
incidência dificilmente captáveis sem o arranjo modal.
Desta forma, mesmo que os três
mecanismos possuam peculiaridades referentes ao reconhecimento da diferença
anatômica entre os sexos, entendemos que existem pontos em que se assemelham, o
que foi evidenciado através dos quadrados semióticos acionados na análise.
Assim, concluímos que os três conceitos estão situados em diferentes polos do
quadrado semiótico do /QUERER-SABER/. Estes "quereres" desiguais
geram diferentes crenças, o que salientamos no quadrado semiótico do
/CRER-SER/.
Notemos por fim que os objetivos propostos fixaram um limite. Detivemo-nos apenas nos aspectos lógico-semânticos das posições subjetivas representáveis nos polos dos quadrados acionados. O mecanismo do quadrado semiótico, desde sua origem aristotélica, retomado pela teoria semiótica, apresenta apenas relações entre "contrários" (a relação horizontal entre os polos superiores e inferiores) e entre seus "contraditórios" (as relações oblíquas), prevendo ainda relações de "implicação" no vetor vertical. Esse mecanismo, bastante fecundo quando se tratam de fenômenos passíveis de oposições categoriais (crer vs não-crer) não dá conta e cede a vez a outros mecanismos mais graduais que tentam recuperar o continuum dos fenômenos (crer mais e mais, ou cada vez menos... querer muito, mais ou menos, um pouco, demais...). Noutros termos, a questão da intensidade, ou antes, da tensividade (intensidade vs extensidade) que conota diferentemente os conceitos aqui em foco constitui um outro desafio que é preciso reconhecer e enfrentar, e que ficou à parte dos objetivos aqui apresentados. Sobretudo porque é mesmo a questão da intensidade com que se joga no prefixo Ver- em na língua alemã. Tudo isso indica que há uma bela partida ainda por ser jogada entre uma Semiótica Tensiva que hoje toma fôlego (ZILBERBERG, 2006) e os aspectos quantitativos (intensivos) das modulações do psiquismo, por cujas descobertas e formulações singulares, Freud para sempre será lembrado como o arguto pioneiro da alma inconsciente.
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