A palavra ego, por si só, já atrai uma atenção negativa. Temos a impressão que ele está diretamente ligado a atitudes egoístas, centradas no próprio ser, individualistas. Porém, é preciso desfazer essa referência.

Ego não é um conjunto de atitudes, muito pelo contrário; ele é o centro da consciência de um ser humano. Estudiosos chegam a dizer que ele é a somatória de ideias, pensamentos, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. Segundo Maria Tereza Maldonado, Mestre em Psicologia Clínica e autora do livro “O bom conflito – juntos buscaremos a solução”, da Integrare Editora, as definições de ego variam de acordo com diferentes teorias sobre a mente humana, mas o significado popular do termo refere-se à consciência que cada ser tem de si, à percepção da própria identidade, e até mesmo ao orgulho próprio.

O ego, em si, não é bom nem ruim. Ele é somente a maneira como uma pessoa enxerga a si mesma. O egoísmo é que se apresenta como foco negativo; é ele que retrata as pessoas que possuem o foco totalmente centrado nelas mesmas.

O fato é que o ego, por passar uma sensação de consistência, tenta contrapor-se a qualquer coisa que possa ameaçá-lo. E é exatamente aí que ele se torna perigoso nas relações profissionais. O ego está ligado ao orgulho próprio, mas não é só isso. Via de regra, quando o ego é exagerado ele se torna prejudicial, pois a pessoa perde a visão sistêmica, deixa de entender a dinâmica do todo, de perceber que não está só, que todas as ações têm consequências e, com as escolhas voltadas apenas para si mesma e para o benefício próprio, ela deixa de ter os melhores resultados.

Quando o ego faz a pessoa confiar em si mesma e valorizar o seu potencial, ele pode ser positivo. Porém, se ele ofusca a visão de um profissional que se sente o melhor dos melhores, e com isso torna-se prepotente e arrogante, acabando com sua capacidade de trabalhar em equipe, o ego pode ser altamente maléfico para sua carreira profissional. Além disso, sua vida pessoal também sofre as consequências, pois normalmente os relacionamentos são prejudicados. Vale lembrar que praticamente nove em cada dez profissionais são demitidos por atitude e comportamento; e com o ego inflado, essa estimativa tende a se confirmar ou tornar-se ainda pior.

A expressão popular ego inflado, refere-se a um aparente excesso de confiança em si mesmo, um sentimento de ser superior aos demais, e isso transparece em condutas arrogantes. Comumente, essa máscara esconde um sentimento de inadequação e de incompetência. A pessoa coloca-se como dona da verdade, fechando-se para as contribuições de colegas, tornando-se menos colaboradora por conta da necessidade de se destacar ou de dominar os demais. Um profissional com ego inflado pode até ser competente, mas apresenta dificuldade de trabalhar em equipe, porque carece de inteligência emocional e de inteligência social, e isso sim pode prejudicar sua carreira. Existe uma linha muito tênue e sutil entre excesso de autoconfiança e arrogância, valorizar a si mesmo e prepotência. Normalmente, o ego está ligado à forma negativa da imagem de si. Uma forma arrogante de se ver. É possível uma pessoa ter confiança, e dar-se o devido valor, sendo humilde, e isso acontece quando não se compara com os outros, quando não usa suas conquistas e habilidades como meio de provar que os outros são piores, quando não fere as pessoas à sua volta. Uma pessoa de conquistas e confiante em si raramente expõe em público suas competências e resultados, e, quando o fazem, é com a intenção humilde de provar que se ele pode, qualquer um pode também. Basta ter vontade e garra para conseguir.

Mas não é impossível mudar esse comportamento negativo. O que acontece é que, dificilmente, uma pessoa cujo foco só está em si mesma, consegue ouvir, perceber outra realidade que não a sua. E dessa forma, muitos métodos de orientação falham. Antes de tudo, o profissional precisa querer mudar, e para tanto deve estar aberto ao famoso feedback. O que acontece na prática é que os egos inflados raramente ouvem a opinião dos outros sobre si. Em outras palavras, eles não dão nem o primeiro passo para a mudança. Eventualmente só se dão conta da necessidade de mudar sua personalidade quando são demitidos, rompem um relacionamento ou sofrem alguma perda grave. Coaching, ou mesmo um bom terapeuta, podem ser ótimas ferramentas de percepção e mudança para que o profissional trabalhe esse lado negativo de sua personalidade.

A importância da imagem de profissional acessível e colaborador

Todos nós gostamos que prestem atenção ao que falamos, em nossas ideias e nossos pontos de vista. Nessa situação, um profissional servidor, que é um bom ouvinte, ganha pontos. Ao ser acessível e colaborador, ele tende a receber o mesmo tratamento de volta; facilita a liderança, o resultado em equipe e, principalmente, promove melhorias no ambiente de trabalho, que se torna mais agradável com pessoas com esse perfil.

Costumo dizer, em minhas palestras, que nada adianta ter MBA em Harvard e pós-graduação em Yale se a pessoa é arrogante. Ela não conseguirá lidar com os outros. As pessoas serão impelidas a não colaborar. Uma pessoa arrogante e prepotente afasta os outros de si mesma. E sabe o que é pior? A arrogância esconde, no fundo, uma insegurança interior. Na vontade de ser aceito, de se sentir importante e ter conexão, uma pessoa com esse perfil acredita que alardear suas qualidades irá atrair os outros para si, quando na verdade o efeito é contrário.

Muitas vezes, pessoas que conquistaram bens materiais ou posições de destaque tendem a confundir-se com seus egos. Precisamos urgentemente perceber que não somos a imagem criada por nossa profissão ou conquistas. Somos uma essência bem mais profunda do que essa superficialidade. O silêncio interior permite que possamos ouvir mais do que falar. A paz de espírito permite que não precisemos provar aos outros o quão bons nós somos. A boa notícia é que todos nós, todos os seres humanos, somos dignos dessa essência. Temos o nosso lado iluminado e, quando nos permitimos trazê-lo à tona, tornamo-nos irmãos de pessoas do bem, irmãos de bons negócios, de extraordinária liderança e, consequentemente, recebemos muito mais em nossa vida daquilo que realmente tem valor.

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