As mudanças e investimentos
realizados nos últimos 40 anos transformaram o agronegócio no
Brasil em um dos pilares da economia e do desenvolvimento do
país.
Além do seu impacto local, o
setor também trouxe protagonismo à produção agropecuária brasileira frente ao
cenário internacional. Por conta disso, o Brasil consolidou sua posição como um
dos principais players do mercado global de produção e exportação de
alimentos.
Para se ter uma ideia, de acordo
com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1977, o país
produzia cerca de 46 milhões de toneladas de grãos.
Em comparação, a Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab) estima que somente na safra 2022/23 o país
produza mais 300 milhões de toneladas de grãos. Isso significa que nos últimos
40 anos, o Brasil aumentou sua produção de grãos em mais de 500%.
Nesse mesmo período, outros
produtos agropecuários brasileiros, como frango, leite e fruticultura, também
apresentaram um crescimento significativo.
Além de reforçar a posição do
país no ranking de produção mundial de alimentos, esses dados indicam que
investir em conhecimento, inovações e tecnologias no campo, é a solução ideal
para superar desafios e aumentar a produtividade do agricultor.
Para comprovar isso, basta
avaliar a história do agronegócio no Brasil e os resultados do setor. Por esse
motivo, neste artigo, você vai entender a importância da produção agropecuária
brasileira, seu processo de transformação e o que esperar para o futuro do agro
com a modernização da produção agrícola.
Boa leitura!
A história do agronegócio no Brasil
O agronegócio brasileiro se
supera ano após ano, posicionando o país como uma das potências mundiais do
setor e grande produtor e exportador de diferentes produtos, como soja, milho,
celulose, café, carne bovina e de frango, açúcar e suco de laranja.
O agronegócio brasileiro se
supera ano após ano, posicionando o país como uma das potências mundiais do
setor e grande produtor e exportador de diferentes produtos,
como soja, milho, celulose, café, carne bovina e de frango, açúcar e suco de
laranja.
Mas nem sempre foi assim! O
Brasil se consolidou como um player global nesse
setor nos últimos 25 anos. Entenda o processo de consolidação desse setor
brasileiro nos próximos tópicos.
A origem da agricultura no Brasil
A história da produção
agrícola no Brasil começou pouco depois da chegada dos portugueses.
Teve início na região Nordeste, no século XVI, com o cultivo da cana-de-açúcar.
As primeiras mudas chegaram ao
Brasil em 1933. Eles acreditavam nas palavras de Pero Vaz de Caminha, que
dizia: “aqui se plantando, tudo dá”.
Só a partir do século XVIII
começou a atividade cafeeira. Essa cultura, importante para o
agronegócio no Brasil, propiciou o desenvolvimento de diferentes regiões,
sobretudo a partir do século XIX quando o café passou a liderar as exportações,
logo após o declínio da mineração.
Mas a atividade começou a entrar
numa crise global por volta de 1900, provocada principalmente pela queda dos
preços da saca do grão no mercado internacional. Processo que levou o Brasil
à maior diversificação da atividade agrícola.
Essa mudança ganhou força
principalmente a partir da década de 1940, com o aumento da urbanização
do país e a necessidade de maior produção de matérias-primas.
A modernização da agricultura brasileira
Apesar do início da
diversificação, a agropecuária brasileira não apresentava muita
inovação em meados do século passado. Prevalecia o trabalho braçal.
Naquela época, menos de 2% das propriedades rurais contavam com máquinas
agrícolas.
Segundo o portal “A Trajetória da Agricultura Brasileira”, da Embrapa, praticamente
não existiam pesquisas no país.
Faltavam conhecimentos
sobre solos e variedades, eram escassas as recomendações de manejos
e as tecnologias da informação eram quase desconhecidas no campo.
O resultado era o baixo
rendimento por hectare e pequena produção, que passou a ser insuficiente para
atender à demanda interna, num período de industrialização e crescimento
populacional.
O agronegócio no Brasil iniciou
uma fase de modernização entre 1960 e 1970. Um marco foi a criação da Embrapa em
1973, que, com o tempo, estabeleceu unidades de pesquisa em diferentes regiões
do país, trabalhando com variadas culturas.
Esse foi um passo fundamental
para fomentar a reestruturação produtiva no campo, por meio da
incorporação de tecnologias e da expansão agrícola para novas fronteiras, como
o Cerrado.
Um dos frutos desse processo de
desenvolvimento do agro brasileiro foi a adesão a métodos agrícolas que
melhoram a qualidade do solo.
A adesão a boas práticas
agronômicas possibilitaram realizar o plantio sem precisar revolver o solo,
rotacionando culturas e utilizando da palhada como cobertura. O Sistema
de Plantio Direto (SPD) passou a ser adotado no país, que hoje é
referência mundial nessa prática.
Com o tempo, a agricultura
brasileira tornou-se terreno fértil para diferentes tecnologias
disruptivas.
Com o avanço da engenharia
genética, e a chegada das biotecnologias, muita coisa mudou no melhoramento. O
desenvolvimento de novas cultivares com diferentes atributos genéticos ficou
mais preciso, eficiente e, eventualmente, mais rápido.
Como o caso da primeira soja
geneticamente modificada, a Soja RR (Roundup Ready), tolerante
ao herbicida glifosato. Flexibilizando
muito o manejo das plantas daninhas no campo.
Também foi desenvolvida a biotecnologia Bt,
permitindo que cultivos, como os de soja e milho e algodão, estivessem
protegidos do ataque de pragas chave, como lagartas desfolhadoras.
O campo também assistiu outros avanços, como o
desenvolvimento das defensivos agrícolas mais seguros e tecnológicos, de
máquinas e implementos, de melhores práticas de manejo, de técnicas de
irrigação e adubação.
Incorporação tecnológica do agro: da
agricultura 3.0 às ferramentas digitais
O processo de transformação do agronegócio
brasileiro tomou corpo com o surgimento da Agricultura 3.0, caracterizada pela
agricultura de precisão e pela busca de práticas cada vez mais sustentáveis.
Foi importante para conferir a precisão nas
operações a utilização do GPS em máquinas agrícolas.
Essa ferramenta trouxe para o campo a
possibilidade de elaborar mapas detalhados da lavoura, com base em amostras do
solo georreferenciadas, e outras informações relevantes como uso de taxa
variável.
SAIBA MAIS: Agricultura de precisão,
agricultura 4.0 e agricultura digital: é a mesma coisa?
Mas, no início dos anos 2000, a modernização da
produção agrícola deu um novo salto. Em conexão com a agricultura digital,
passaram a ser usadas máquinas mais modernas, veículos autônomos, drones, robôs
com sensores.
Nasceu a agricultura 4.0, marcada pela
automação, conectividade e geração de dados sobre a atividade agrícola,
permitindo maior precisão, acuracidade e assertividade nas decisões tomadas no
dia a dia do campo.
Nesse contexto, o campo passou por um processo
acelerado de digitalização, que incorporou tecnologias como IoT, Inteligência
Artificial, robótica, Big Data, dentre inúmeras outras ferramentas que surgem a
cada dia no setor, voltadas a levar maior eficiência, produtividade e redução
de custos com a lavoura.
Dentro desse processo acelerado de incorporação
das tecnologias 4.0 através da aceleração do agronegócio no Brasil, surgiu a
agricultura digital, caracterizada pela utilização dos dados coletados da
agricultura para melhorar o gerenciamento da lavoura.
SAIBA MAIS: O "bem casado" da ciência
de dados e da agricultura
Mas, ao longo dessa jornada de desenvolvimento
do setor, um fator tem sido fundamental para o desempenho cada vez melhor do
agro brasileiro: o protagonismo dos agricultores. Eles têm gerido suas lavouras
com profissionalismo cada vez maior, com o propósito de aperfeiçoar os
resultados do negócio.
Investem em capacitação, aliam práticas
modernas com respeito ao meio ambiente, realizam testes de campo para entender
melhor seus ambientes de produção e não têm medo de buscar inovações para tirar
o máximo de cada metro quadrado da fazenda.
O
crescimento do agronegócio no Brasil
Os fatores que
impulsionaram a modernização da produção agrícola nacional e o resultado da
incorporação dessas inovações tecnológicas, fizeram o setor dar um salto no
país entre 1975 e 2017.
A produção de
grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes,
atingindo 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou. Esse
desenvolvimento consolidou o agronegócio no Brasil como um dos pilares da
economia do país.
De acordo com
cálculos do Cepea, em 2022 o
segmento alcançou participação de 25% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Esse
número representa uma queda em relação a 2021, quando a participação do
agronegócio no PIB foi de 27%. Apesar disso, as expectativas é que o setor
volte a crescer nos próximos anos, graças a mudanças no cenário nacional e
internacional.
Mesmo diante
dessa leve retração, o crescimento da relevância do agro no PIB do país ainda
chama a atenção. Para se ter uma ideia,em 1970, a participação do agro no PIB
era de apenas 7,5%.
O avanço do
setor é evidente quando se compara o crescimento da produção em
relação à área ocupada pelo agribusiness. Basta conferir o
rendimento médio (quilos por hectare) das lavouras de arroz, feijão, milho,
soja e trigo, entre a década de 70 e os anos 2000.
Destaque para
os aumentos de rendimento de 346% para o trigo, de 317% para o arroz e de 270%
para o milho, segundo a Embrapa.
A revolução agrícola dos últimos 40 anos
teve um grande efeito transformador na sociedade brasileira e é, de acordo com
a CNA (Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil), o fato mais importante da história econômica recente do
Brasil.
Qual é a
importância do agronegócio no Brasil?
O Brasil é um dos maiores
produtores e exportadores de alimentos do mundo. Além de abastecer o mercado interno, mais de 233 milhões de
toneladas de produtos agropecuários foram exportados apenas em 2022, segundo
dados da CNA.
A maior parte
dessa produção à China, principal importador do Brasil, além de Estados Unidos e países da União Europeia.
Graças a essas
negociações, a produção agropecuária brasileira impacta não só na balança
comercial, mas também na geração de empregos e no desenvolvimento do
país.
Para comprovar
essa informação, basta observar os dados sobre o desempenho dos principais
produtos do setor.
Os
principais produtos agrícolas brasileiros
A produção
agropecuária brasileira abastece tanto o mercado interno quanto o externo. Os
destaques dessa produção são as commodities agrícolas, especialmente
oleaginosas.
Segundo a
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra agrícola de 2021/22, por exemplo,
foi estimada em 271,2 milhões de toneladas, representando um recorde
para o setor e uma alta de 5,6% em relação à safra anterior.
Para entender a
relevância dessas commodities para a economia do país, confira abaixo o
desempenho dos principais produtos agrícolas brasileiros.
SOJA
Recentemente, o
Brasil ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior produtor e exportador
mundial de soja, uma das principais commodities do
mundo.
Hoje, a
oleaginosa é considerada o principal produto agrícola brasileiro e um elemento-chave
para o desenvolvimento agroindustrial no Brasil.
Nos últimos 30
anos, a produção brasileira de soja aumentou mais de 500%, ultrapassando o
volume de 130 milhões de toneladas na safra 2021/22. A movimentação
financeira em torno da produção desse grão também impressiona.
Segundo a CNA,
em 2022, foram exportados mais 78 milhões de toneladas de soja em grão,
movimentando quase US$ 46,7 bilhões.
No mesmo
período, foram exportados mais de 20 milhões de toneladas de farelo de soja,
movimentando cerca de US$ 10,3 bilhões.
E os sojicultores brasileiros
continuam se superando, devendo bater um novo recorde de produção em 2022/23: mais de
147 milhões de toneladas.
MILHO
O grão mais
produzido e comercializado no mundo é o milho. E isso só é possível
graças a participação do agronegócio brasileiro. Afinal, o país é o
terceiro maior produtor mundial de milho, sendo responsável pelo abastecimento
de 41% do mercado global.
Na safra
2021/22, a produção nacional de milho atingiu cerca de 115 milhões de toneladas, destinada ao mercado
interno e externo. E a expectativa é que esse número cresça ainda mais.
A Conab estima
que o país produza 125,8 milhões de toneladas na safra 2022/23, o que representa um
aumento de 11,2% em relação a safra anterior.
Após obter
significativo crescimento de produção nos últimos 20 anos, hoje, o Brasil é o
segundo maior exportador de milho do planeta, movimentando mais de US$ 454 milhões.
CANA-DE-AÇÚCAR
Também é
importante na pauta de exportações do agronegócio brasileiro o Complexo Sucroenergético, cujos produtos são
oriundos do cultivo da cana-de-açúcar.
O Brasil é
o maior
produtor e exportador mundial do açúcar derivado dessa planta, além de ser o
segundo maior produtor mundial de etanol. Segundo a Conab, a estimativa é
que a safra 2022/23 de cana-de-açúcar supere os 598,3 milhões de toneladas. Parte dessa produção
também é destinada ao exterior.
De acordo com a
CNA, o país exportou mais de 24 milhões de toneladas de açúcar de cana bruto em
2022, movimentando quase US$ 9,5 bilhões.
CAFÉ
Outro produto
do agro brasileiro que é sinônimo de tradição é o café. O país é o maior
exportador e maior produtor mundial desse produto há 150 anos.
Para se ter uma
ideia da importância da produção brasileira de café, o Brasil responde
por um terço
da produção do planeta.
De acordo com
a Conab, a safra 2022
produziu mais de 50,92 milhões de sacas de café beneficiado, com uma produtividade
média nacional de 27,2 sacas por hectare.
Desse total,
merece destaque a produção de café tipo arábica (32,7 milhões de sacas) e tipo conilon (18,1 milhões
de sacas).
Ainda segundo a
Conab, boa parte dessa produção é destinada ao mercado internacional. De
janeiro a novembro de 2022, o Brasil exportou mais de 36 milhões de sacas
de café de 60 kg, considerando a soma dos produtos verde, solúvel e torrado &
moído.
A
importância da produção agrícola para a balança comercial brasileira
A produção
agropecuária é considerada um dos principais pilares da economia brasileira, já
que representa uma parte significativa das exportações e importações do
país.
Para comprovar
essa afirmação, basta observar os dados sobre a balança comercial brasileira.
Segundo o boletim divulgado pela CNA,
em 2022, o saldo comercial do setor é positivo em aproximadamente US$ 141,8 bilhões.
Em função
disso, o setor agropecuário garantiu o superávit da balança comercial
do país, já que outros segmentos registraram déficit de cerca de US$ 75
bilhões.
Além disso,
segundo relatório produzido
pela Secretaria de Comércio Exterior, o setor agropecuário registrou um aumento de 36,1% no volume
de exportações em 2022.
Segundo levantamento realizado pela CNA em parceria com o
IBGE, em média, as exportações movimentam cerca de USD 100,7 bilhões
ao ano.
Porém, por
conta da implementação de novas tecnologias no campo, responsáveis por melhorar
significativamente a produtividade e rentabilidade das fazendas, esse número
tende a aumentar nos próximos anos.
Em 2022, por exemplo,
as exportações do agro brasileiro somaram US$ 159,09 bilhões, o que representa uma
alta de 32% em relação ao ano anterior.
Segundo dados do Ministério da Agricultura
e Pecuária, esse número é resultado do crescimento da produção da
safra 2021/2022, que atingiu 271,4 milhões de toneladas.
Além disso, os
setores que se destacam nas exportações também refletem os principais produtos
agrícolas e pecuários produzidos no país.
Ainda segundo o
Ministério da Agricultura e Pecuária, entre janeiro e dezembro de 2022, os
setores que mais exportaram seus produtos foram:
- Complexo soja -
US$ 60,95 bilhões;
- Carnes - US$ 25,67
bilhões;
- Produtos
florestais - US$ 16,49 bilhões;
- Cereais, farinhas
e preparações - US$ 14,46 bilhões;
- Complexo
sucroalcooleiro - US$ 12,79 bilhões.
E as importações?
Por outro lado,
segundo dados do Ministério da Agricultura, o Brasil importou cerca
de US$ 17,24 bilhões em produtos agropecuários em 2022.
Porém, esse
valor foi influenciado pela alta dos preços médios (+13,8%), não pelo aumento
da importação, uma vez que o país registrou uma queda de 2,4% no volume de
produtos agrícolas importados.
No entanto, as
importações insumos agrícolas foram mais significativos. Segundo a Secretaria
de Comércio Exterior, adubos ou fertilizantes químicos e insumos como inseticidas, fungicidas,
herbicidas, entre outros, estão entre os dez itens com maior valor importado pelo país
em 2022.
Os dados se
referem ao último ano, mas refletem números frequentes na balança comercial
brasileira, reforçando o protagonismo do setor agropecuário para a economia do
país.
O que
explica o sucesso da produção agrícola brasileira?
O sucesso do
Brasil na produção e exportação de produtos como soja, milho, açúcar e café não
é fruto do acaso. Diferentes fatores contribuíram para o crescimento do
agronegócio no Brasil ao longo das últimas décadas, como:
- Apoio
governamental;
- Investimento em
pesquisa e desenvolvimento;
- Incorporação de
novas tecnologias e manejos produtivos;
- Abertura de novas
fronteiras agrícolas, como o cerrado e o Matopiba;
- Expansão da
demanda externa por produtos agrícolas, além do fortalecimento da demanda
interna;
- Disponibilidade de
crédito rural;
- Surgimento interno
de um setor forte de fornecimento de insumos, máquinas e tecnologias
agrícolas;
- Produtores rurais
cada vez mais interessados em inovações.
Os
desafios do agronegócio brasileiro
Segundo dados
da FAO (Organização das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura), a população mundial deve
atingir o patamar de 9,8 bilhões de pessoas até 2050.
Para atender
esse aumento significativo da demanda global, a produção agrícola deve aumentar
70% nesse período. Por ser um dos principais players do mercado mundial do
agronegócio, a expectativa é que, em 30 anos, o Brasil se torne responsável por
40% da produção agrícola mundial.
Embora essa
estimativa represente várias oportunidades para o crescimento do setor, ela
também sinaliza os desafios que o agro brasileiro deve enfrentar nos próximos
anos.
Afinal, a
tendência é que agronegócio também seja cada vez mais pressionado para produzir
de forma ambiental e socialmente sustentável.
Redução
do desmatamento, economia no uso da água, reciclagem, diminuição do uso de
agroquímicos e aumento da reciclagem são apenas algumas das
principais pautas que devem orientar a produção agrícola nos próximos
anos.
E é bom que o
produtor acompanhe essas pautas, já que a sustentabilidade da fazenda pode ser
decisiva para ingressar no mercado internacional e aumentar a competitividade
da produção.
O
uso de tecnologias no campo também exige mudanças
Para solucionar
esses desafios, a melhor saída é investir na digitalização do campo e na
atuação conjunta de várias tecnologias agrícolas, como Big Data, drones, IoT e
Inteligência Artificial, entre outras ferramentas da Agricultura Digital.
No entanto, o
uso dessas tecnologias também exige a superação de outros desafios,
especialmente aqueles relacionados a falta de infraestrutura, acesso à internet
no campo e trabalhadores capacitados para atuar nas fazendas e manusear as
tecnologias.
Todos esses
desafios indicam que além de se manter informado e de estar disposto a
implementar tecnologias na fazenda, o produtor precisa do apoio de entidades
públicas e provadas.
Somente a
partir dessa parceria, ele conseguirá aproveitar as vantagens da modernização
do campo e preparar sua produção agrícola para os novos paradigmas do
agronegócio mundial.
Qual é o futuro do agronegócio do Brasil?
Se nos últimos
50 anos, o agronegócio brasileiro cresceu e se tornou um importante fornecedor de
alimentos e fibras para o mundo, no futuro esse processo tende a se acelerar.
Afinal, a
estimativa é que o mundo atinja 9,8 milhões de pessoas até 2050. E, conforme
explicado, isso vai exigir um aumento considerável da produção brasileira.
Considerando os desafios mencionados anteriormente, tudo indica que os ventos
que impulsionaram o agronegócio brasileiro a partir de 1970 serão outros ao
longo das próximas décadas.
Confira alguns
fatores que influenciarão diretamente o futuro do nosso agro:
Agropecuária
mais sustentável
As inovações
científicas e o uso de novas tecnologias são essenciais para aumentar a
produção, mas com maior sustentabilidade. A cobrança por atividades
agropecuárias com baixo impacto ambiental e social tende a ser cada vez mais
forte, especialmente por parte do mercado internacional.
Além disso, a
agricultura e a pecuária devem ter maior protagonismo na luta contra as
mudanças climáticas.
Para isso, os
produtores devem incorporar práticas e tecnologias que permitam a redução das
emissões de gases de efeito estufa, como plantio direto e rotação de culturas.
Modernização
da gestão do agribusiness
A evolução do
mercado também vai exigir cada vez mais profissionalização das empresas
familiares, que devem acompanhar a modernização do setor agrícola.
Nos últimos
anos, um forte movimento de governança corporativa e modernização dessas
empresas começou a se destacar.
A tendência é
que esse movimento ganhe mais força no setor nos próximos anos, gerando
oportunidades de desenvolvimento dos negócios e novos procedimentos
corporativos.
Incorporação
de novas ferramentas tecnológicas
O setor das agtechs vai crescer ainda
mais, acelerando no agronegócio a incorporação de novas ferramentas
tecnológicas.
Recursos como a
ciência de dados, IoT, Big Data, robótica, veículos autônomos, Inteligência
Artificial, mapas e imagens de satélites e Machine Learning devem ser implementados
em sintonia com um movimento ainda mais forte de transformação digital.
Além dessas
ferramentas, as máquinas automatizadas e teleguiadas, a individualização do
gado para melhor tratamento durante a engorda, a análise dos dados por imagem
com recursos da Nasa e a domesticação microbiológica são outros recursos que
também que prometem modificar de vez o setor.
Avanço da
biotecnologia
Produzir mais
com menos pautará, cada vez mais, o agronegócio. Para tanto, as tecnologias
estarão focadas em genética avançada, melhoria da eficácia de uso dos recursos de
produção,
bem como manejo inteligente dos fatores redutores de produtividade.
Nesse contexto,
a biotecnologia propiciará novas variedades geneticamente modificadas,
permitindo avanços em proteção de culturas e ganhos de produtividade.
Esses ganhos
podem ser resultado, por exemplo, da diversificação das tolerâncias a
herbicidas em variedades produzidas com esse tipo de tecnologias, em culturas
como soja, milho e algodão.
Outras
conquistas também são esperadas nessa área, como a introdução de
características de tolerância à seca na soja e no milho, e de aumento de
biomassa e a proteção contra insetos na cana-de-açúcar.
Outras
tendências e oportunidades para o agronegócio no Brasil
Diante do atual
cenário agropecuário brasileiro e das mudanças globais esperadas para o setor
nos próximos anos, a Embrapa produziu o relatório Visão 2030.
Esse documento
reúne as tendências globais e nacionais que devem impactar o futuro do
agronegócio e que devem ser acompanhadas de perto.
O agronegócio brasileiro tem capacidade para continuar
protagonista no futuro
Estima-se que
os alimentos embarcados pelo Brasil sejam responsáveis pela alimentação de
cerca de 800 milhões de pessoas ao redor do mundo.
Mas isso só foi
possível porque, ao longo dos últimos 40, 50 anos, a sociedade brasileira
entendeu que investir no agronegócio no Brasil é fundamental para o
desenvolvimento do país.
Apesar dos
avanços do setor, os desafios continuam. Como vimos, superar esses
desafios exige o esforço conjunto de produtores e entidades públicas e
privadas.
Mas, considerando o histórico do agronegócio brasileiro, tudo indica que o Brasil tem expertise, capacidade e a acesso às ferramentas certas para reduzir esses problemas. Assim, o país poderá permanecer entre os maiores produtores e exportadores mundiais de produtos agrícolas. O agro brasileiro já está pronto para acolher outras novidades tecnológicas que estão a caminho. Afinal, temos “um mundo” para ajudar a alimentar.